Eu passei a vida inteira tirando sarro daquele primo que chegou lá, ou do vizinho mais velho, ou dos colegas "menos adiantados" na faculdade.
O cara faz 24 anos vira bicha, viado, frutinha, florzinha, Clodovil, Lassie, são-paulino (aí, não!!!)...
"Entrou na idade da loba". Ou "é hora de decisão, hein?" quando a intimidade é menor.
Um exemplo óbvio de toda a irreverência e alegria deste povo sofrido, mas feliz e batalhador, entre outros lugares-comuns que não me ocorrem agora.
Claro, você passa a vida ciente de que sua hora vai chegar. Entra nos 20 e já pensa "nossa, imagina quando..."
21... 22... E o relógio correndo.
Completa 23 e já sabe: um ano de sossego; depois, inescapável.
Daí você vai morar nos Estados Unidos.
E é "happy birthday" pra cá, "happy birthday" pra lá, até que alguém pergunta "so, what's the lucky number?" e você, amuado, "24" (numeral em inglês, claro).
E a pessoa: "ah, legal!"
E você: "ãn???"
"Legal???"
É, amigo(a)... É com certa timidez no digitar que confesso-me a você: é muito chato fazer 24 anos nos EUA.
terça-feira, junho 12, 2007
quarta-feira, junho 06, 2007
O Q da questão
Escrever em português é muito difícil. Qualquer analfabeto sabe disso.
Com esse empecilho em mente é que desenvolvi uma teoria que revolucionaria a escrita canarinha (sim, porque os gajos e os africanos que se virem nas terras deles).
O mote do plano é descartar a letra Q do nosso abecedário.
– Que!?!?!?
Você se assombraria.
– É isso mesmo.
Asseguro eu.
Explano:
1) Com a exclusão do Q, esse som meio cuspido que ele impetra seria representado única e exclusivamente pelo C.
Vejamos um exemplo:
Aquela senhora inquieta acorda acabada.
Percebe o mesmo som sendo representado ora pelo Q (aquela, inquieta), ora pelo C (acorda, acabada)?
Essa incoerência seria eliminada e a frase viraria:
Acela senhora incieta acorda acabada.
Pode parecer estranho, mas testes nesse sentido já vêm sendo feitos há anos pela Academia Brasileira de Letras em parceria com a Interpol. Ou por que você acha que o numeral 14 pode ser escrito de duas formas?
2) Com o novo som do C, ele seria obrigado a passar o bastão do som assoprado, que às vezes pede, para o S.
Assim, a frase:
Acima do cais está um estranho percevejo.
Tornaria-se:
Asima do cais está um estranho persevejo.
Veja, novamente, que tentamos dar a cada letra um som específico, eliminando os inúmeros casos de crise de identidade pelos quais têm passado as nossas queridas consoantes.
Se você é um(a) bom(boa) observador(a), deve ter notado que a grafia da segunda frase está esquisita. Deve ter estranhado a falta dos pombinhos SS. O que nos leva para o próximo item...
3) O S então, agora com total domínio sobre o sonzinho de cobra sibilando, poderia desvencilhar-se do seu siamês, e viver solteiro daqui para frente.
A bela voz de Djavan cantaria:
Asim que o dia amanheseu...
4) Por conseguinte, o C teria que pôr o rabo entre as pernas e largar de vez o som do S. Seria o fim da cedilha.
Ainda com o cantor e compositor maceioense:
Pai e mãe, ouro de mina
Corasão, dese...
Ops! Essa frase já pede a próxima alínea.
5) O S não pode enrolar, não! Agora que ele já tem um som para ele, vai ter que largar mão de sair zumbindo por aí. Esse som tem talhada a marca do Zorro nele. Inapagável:
...dezejo e sina
Essas mudanças valeriam para as consoantes em questão sempre, indistintas as suas posições na palavra:
Você traz as cebolas e põe atrás das mesas.
Tranformaria-se em:
Vosê trás as sebolas e põe atrás das mezas.
Simples, não?
De tal modo, eliminar-mos-ia toda aquela dor de cabeça: “Acessório é com cedilha? E assessoria?”, dentre outras, que bem conhecemos.
Exterminadas seriam também algumas aberrações, como as diversas formas de escrever “sesão” (no novo dialeto, claro): seção, sessão, cessão.
Outras letras sentiriam o impacto dessa importante modificação.
Mas iso é asunto para a prósima...
;)
Tchau!
Com esse empecilho em mente é que desenvolvi uma teoria que revolucionaria a escrita canarinha (sim, porque os gajos e os africanos que se virem nas terras deles).
O mote do plano é descartar a letra Q do nosso abecedário.
– Que!?!?!?
Você se assombraria.
– É isso mesmo.
Asseguro eu.
Explano:
1) Com a exclusão do Q, esse som meio cuspido que ele impetra seria representado única e exclusivamente pelo C.
Vejamos um exemplo:
Aquela senhora inquieta acorda acabada.
Percebe o mesmo som sendo representado ora pelo Q (aquela, inquieta), ora pelo C (acorda, acabada)?
Essa incoerência seria eliminada e a frase viraria:
Acela senhora incieta acorda acabada.
Pode parecer estranho, mas testes nesse sentido já vêm sendo feitos há anos pela Academia Brasileira de Letras em parceria com a Interpol. Ou por que você acha que o numeral 14 pode ser escrito de duas formas?
2) Com o novo som do C, ele seria obrigado a passar o bastão do som assoprado, que às vezes pede, para o S.
Assim, a frase:
Acima do cais está um estranho percevejo.
Tornaria-se:
Asima do cais está um estranho persevejo.
Veja, novamente, que tentamos dar a cada letra um som específico, eliminando os inúmeros casos de crise de identidade pelos quais têm passado as nossas queridas consoantes.
Se você é um(a) bom(boa) observador(a), deve ter notado que a grafia da segunda frase está esquisita. Deve ter estranhado a falta dos pombinhos SS. O que nos leva para o próximo item...
3) O S então, agora com total domínio sobre o sonzinho de cobra sibilando, poderia desvencilhar-se do seu siamês, e viver solteiro daqui para frente.
A bela voz de Djavan cantaria:
Asim que o dia amanheseu...
4) Por conseguinte, o C teria que pôr o rabo entre as pernas e largar de vez o som do S. Seria o fim da cedilha.
Ainda com o cantor e compositor maceioense:
Pai e mãe, ouro de mina
Corasão, dese...
Ops! Essa frase já pede a próxima alínea.
5) O S não pode enrolar, não! Agora que ele já tem um som para ele, vai ter que largar mão de sair zumbindo por aí. Esse som tem talhada a marca do Zorro nele. Inapagável:
...dezejo e sina
Essas mudanças valeriam para as consoantes em questão sempre, indistintas as suas posições na palavra:
Você traz as cebolas e põe atrás das mesas.
Tranformaria-se em:
Vosê trás as sebolas e põe atrás das mezas.
Simples, não?
De tal modo, eliminar-mos-ia toda aquela dor de cabeça: “Acessório é com cedilha? E assessoria?”, dentre outras, que bem conhecemos.
Exterminadas seriam também algumas aberrações, como as diversas formas de escrever “sesão” (no novo dialeto, claro): seção, sessão, cessão.
Outras letras sentiriam o impacto dessa importante modificação.
Mas iso é asunto para a prósima...
;)
Tchau!
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